Arte na quarentena | Bárbara Scarambone

Na semana passada, conversamos com a Bárbara Scarambone, artista visual de São Paulo, sobre como tem sido a sua rotina de criação, dando continuidade a nossa série sobre a arte produzida na quarentena.

Durante esse momento, assim como a fotógrafa Clara Mazini, Bárbara tem trabalhado em uma espécie de diário da quarentena, no qual se propôs a criar um trabalho por dia, de forma intuitiva e experimental, deixando que o fazer cotidiano direcione os caminhos que a prática vai se enredando. A ideia é transformar futuramente essa série em uma publicação independente. Para ela, manter essa rotina tem sido importante não só no aspecto artístico, mas também no plano pessoal, para lidar com as exigências de um confinamento solitário.

Mood swing, 2020

Mood swing, 2020

Eu tenho criado tudo de uma forma muito mais intensa, urgente e feroz.
— Bárbara Scarambone
Invisible, 2020


Invisible, 2020

Não é casualidade que o diário esteja presente na prática das duas artistas que conversamos, já que é uma forma de registro do tempo, algo importante em um momento em que essa noção parece adquirir outros contornos. Além de uma maneira de lidar com questionamentos existenciais que inevitavelmente emergem de uma situação assim. Uma frase da Louise Bourgeois ilustra a relação entre vida e fazer artístico, que encontramos nas propostas da Clara e da Bárbara: “Então é isso: Como é que eu vou me auto-curar? Bem, eu faço isso quando consigo inventar algo que me faz querer viver.”

Em tempos assim, parece ser necessário reafirmar o nosso sentido de existência e como artistas não parece haver outro modo de lidar com essa demanda além de elaborá-la artisticamente.

This is not a smile, 2020

This is not a smile, 2020

A quarentena está afetando o trabalho da Bárbara, mas ela ainda não sabe mensurar o quanto. Nas palavras dela: “Eu tenho criado tudo de uma forma muito mais intensa, urgente e feroz. Até a dor do dedinho batido na quina tem sido mais intensa. Antes da quarentena minhas inspirações vinham de diferentes lugares (...) agora a proposta é que essa inspiração venha desse momento específico, de todos os sentimentos, ausências, medos, luto e memórias que me inundam”.

Illusion (time), 2020

Illusion (time), 2020

Além disso, Bárbara tem tentado focar no presente, porque não parece haver muito outra saída, com os planos para futuro momentaneamente suspensos. Ela tem usado esse tempo para refletir sobre a sua obra e sobre si mesma e para redescobrir o valor do silêncio.

Os trabalhos estão à venda e para acompanhar o progresso do projeto basta acessar o instagram da artista.